Notícias São Brás: Já levamos quase 2 anos de pandemia. Qual o balanço neste momento no concelho?
Vítor Guerreiro: No final deste mês atingimos os 2 anos vividos em contexto de pandemia. Dois longos e duros anos que vieram colocar à prova não apenas o nosso Sistema de Saúde, mas todas as nossas estruturas, as nossas empresas, os nossos serviços e sobretudo a resiliência das comunidades e de todos nós.
Neste momento, no nosso concelho, e tal como sucede em todo o país, continuamos com números relativos a pessoas que contraem o vírus COVID muito elevados, mas felizmente sem que tal corresponda a um significativo número de manifestações graves de doença ou de internamentos, o que nos leva a ter esperança de que em breve possamos continuar a ver reduzidas as restrições, para progressivamente podermos retomar as atividades que são essenciais à dinâmica social e económica, bem como à saúde mental de todos.
O balanço que podemos fazer destes 2 anos é, na verdade, bem mais positivo do que poderíamos temer no início da pandemia, prova da capacidade de resistência da nossa economia local, dos nossos empresários e comerciantes e sobretudo prova da resiliência da nossa comunidade, que tem sido exemplar na sua atitude cívica e solidária. A expressiva adesão à vacinação é prova disso mesmo.
Na Câmara Municipal, temos vindo continuadamente a adaptar os nossos serviços, criámos apoios à economia local, respostas para as famílias, lançámos medidas, mas toda esta estratégia teria sido em vão se a comunidade são-brasense não tivesse estado à altura do desafio. E hoje, felizmente, os números do desemprego são mais reduzidos do eu temíamos, quase não assistimos ao fecho de estabelecimentos ou encerramento de empresas e pelo contrário têm sido diversos os novos projetos empreendedores a surgir mesmo nestes difíceis tempos de pandemia.
NSB: Falava de saúde mental e este é um tema que tem sido muito noticiado. De que modo podemos combater estes problemas?
VG: Muitas vezes preocupamo-nos mais com as doenças físicas e descuramos a saúde mental. Infelizmente, a pandemia veio acelerar, intensificar ou pôr a descoberto muitas problemáticas de saúde mental, nas diversas faixas etárias, pelo que precisamos estar muito atentos a todos os que nos rodeiam e apostar na prevenção.
Na Câmara Municipal, o Pelouro da Ação Social é muito ativo e desde há muito que trabalha com muito empenho nesta área, com o Serviço Municipal de Psicologia e de forma articulada com as diversas entidades do concelho. A criação da Rede Psicossocial que reúne todos os psicólogos os diversos serviços é um exemplo deste trabalho em rede. Neste momento, a prioridade deste trabalho é justamente a problemática da depressão que infelizmente está associada ao suicídio, um flagelo com números preocupantes na região. Procuramos sempre apoiar quem esteja numa situação vulnerável. Não hesitem em contactar os nossos Serviços Sociais, no Centro de apoio à Comunidade, ou neste caso diretamente para psicologia@cm-sbras.pt
Procuramos apostar na prevenção e promover a saúde mental da nossa comunidade passa por toda uma estratégia de bem estar e qualidade de vida, em que nos empenhamos em criar mais espaços verdes e mais oferta de atividades culturais, desportivas e recreativas, acessíveis a todos.
NSB: Quando a pandemia começa a dar tréguas, temos uma nova e forte ameaça: a seca. A Câmara já tomou alguma medida sobre isto?
VG: A escassez de água não é uma ameaça nova. Desde há algum tempo que esta é uma grande preocupação para o nosso país, e de sobremaneira para o Algarve. Na Câmara Municipal, nos últimos anos temos vindo a desenvolver esforços, no sentido de promover maior eficiência hídrica, isto é poupar água, reduzir as suas perdas. Nesta área, temos inclusivamente criado diversos projetos, com candidaturas já aprovada, de que são exemplo os projetos de remodelação das Rotundas, na continuidade da redução das áreas de rega, que em breve entrarão em execução.
Face ao agravamento da situação de seca, no país e na região, criámos um plano de medidas adicionais, que está a ser colocado em marcha composto por um conjunto de ações que estão a ser implementadas no imediato e com um conjunto de medidas que estão a ser preparadas para conclusão a médio prazo. Nos próximos temos iremos reduzir ainda mais o consumo de água para rega, o funcionamento de repuxos ou fontes e imporemos regras em prol da redução do desperdício.
Ainda neste âmbito, temos defendido o desenvolvimento do projeto de construção da Barragem do Monte da Ribeira, justamente porque entendemos que precisamos aproveitar toda a água que chove. E neste sentido estamos na Câmara Municipal a preparar o projeto “Cisterna”, que pretende valorizar uma prática ancestral de aproveitamento da água da chove que urge recuperar e adaptar aos nossos dias.
Poupar água é uma missão de que depende a sobrevivência de todos nós, e por isso apelo à colaboração de todos os são-brasenses. Pequenos gestos diários ajudam a fazer uma grande diferença.